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sexta-feira, 4 de novembro de 2016

A Marileine errada e alegria da cidade cinza

A Marileine errada e alegria da cidade cinza
Vinicius Diniz Rosa
Dias e noites na torre
Sem um vislumbre de luz 
Nem janela para príncipes
Marileine sozinha estava
Trancada na torre
Tudo que sabia
Era que quando passos ouvia
A comida vinha e escorregava
Pela humilde fresta da porta
E que logo em seguida
Água jazia
Pelos poros das paredes
Marileine estava infeliz
Pois ela não nascerá ali
Ela conhecia o mundo aqui
E queria voltar a vê-lo
Mas seu sequestrador tão burro
Nunca perceberá que um erro cometerá
Que sua Marileine não era a rica
E que sua família nunca poderia
Pagar seu caro resgate
Ele achava que para eles estavam mentindo
E como não tinham acesso a torre
Marileine morreu e o sequestrador emputeceu-se
Enlouquecendo sem esperança
O resgate nunca pago
Ao caminhar um dia na rua
Viu outra Marileine
A verdadeira rica Marileine
Ele tentou sequestrá-la
Mas como era burro
Esqueceu dos seguranças
E morreu assim também
Com dois tiros um em cada olho
O espírito frágil e doce
Da outra Marileine
A que na torre morreu sozinha
Riu-se ao ver o corpo de seu sequestrador
Caindo pelo solo e seu sangue que brotava dos olhos
A forma uma fina cachoeira vermelha
Sobre o cinza asfalto da selva de pedra
A cor da morte fez curiosos sorrirem
E de um salto sacaram seus celulares
Para a polícia chamar - não seja iludido
Para fotografar a tragédia
Que como um show de humor
Alegrará a manhã
Da cinzenta cidade
Que pela primeira vez
Conheceu uma outra cor

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