Procurar pode, achar é outra história...

sábado, 16 de janeiro de 2016

...

Eu era vivo adorava escrever
E agora minhas mãos espectrais
Não conseguem mais pegar um lapis
E se eu me sentar sobre a cabeça de um médium
Pegar levemente em suas mãos 
E fazer ele ter um fenômeno
De escrita automática
E dizer para o mundo as palavras
Que não tive coragem de dizer quando vivo
Ninguém mais acreditaria do mesmo modo
Pois a ciencia não poderia explicar
E ele sairia como um verdadeiro charlatão
Mas não custa tentar
Então vamos dançar
E fingir que escrevo
Como se estivesse vivo
E dizer, como eu amei e não quis admitir
E dizer, como eu odiei e não quis admitir
E dizer, como eu tive momentos de grande tolice
E dizer, que isso não é vergonha
Pois até o mais esperto dos homens erram
Então acreditem nesse velho fantasma
Que só poderia descansar depois de um último poema
Eu estou muito bem
Eu estou com velhos amigos sentado em um campo florido
Contando as histórias que não pode deixar no mundo dos vivos
E aguardando que você venha aqui
Minha querida Amanda
Se sentar ao nosso lado e curtir a bela paisagem
Com esse fantasma que só pode descansar
Depois desse último poema
Eu estou bem, não precisa chorar mais
Já chora por muito tempo
Volte a viver, pois os mortos só tem o campo
E você uma história a fazer
Então faça por esse homem que não te deu a mão
Enquanto ainda pulsava...
Escrita automática
Vinicius Diniz Rosa

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