Procurar pode, achar é outra história...

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Carta de um Lobisomem

Conto de Vinicius Diniz Rosa - Carta de um Lobisomem© 

       "Querido mundo, meu nome é Walter o sobrenome não interessa, pois família nenhuma gostaria de ter seu nome manchado por um demônio, comecei a escrever essa carta, pois muitas angústias me assolam a mente.
       Se você está lendo, bom, não quero que tenha pena de mim, pois não sou digno de pena, sou exatamente aquilo que nasci para ser.
      Uma obra do acaso, por mais que insista que não exista o acaso a natureza ás vezes brinca conosco, nós faz de idiota e nós joga maldições sem nenhuma explicação, pois quem escolhe nascer com uma doença! Se não é obra do acaso, me diga então existe magia! Alma, vidas passadas, Deus, diabo ou qualquer criatura que negrejas! E minha alma é castigada por eu ter tido um karma, ou coisas do gênero, mas se for ateu, não me venha com essa conversa de que nada é obra do acaso, pode justificar que é uma obra da genética, mas por um acaso a genética falhou comigo, acasos acontecem eu sou um deles, pois quem diria que minha família teria sete filhos e que eu seria o sétimo!
      Uma boa piada não... E quem diria que o sétimo filho nasceria almadiçoado e quem diria que tal maldição é real!
     Toda noite de lua cheia me é um inferno á prata me é um inferno! Eu fui privado de uma vida plena, não posso apreciar na luz do luar o calor de uma paixão, não pude, pois já passei dessa faze adolescente, não posso dormir ao lado de uma mulher para toda a vida, pois posso mata-la, como matei meus pais, foi um trauma, eu ao completar 13 anos, ao ver minha mãe e meu pai e a lua cheia bela, tocar o céu, eu me transformei num monstro! E ataquei todos ali, matei meu pai arrancando lhe a cabeça, pois um coração não vi ali, hahhahaha, não ligue faço poesia com tudo, acho que estava lúcido quando cometi tais assassinatos, mas você sabe, se posso me esconder atrás do monstro, por que não, é uma boa desculpa, uma excelente patologia, como a psicopatia ou outra coisa que for, ora:
      - Ele precisa de tratamento, não fez por mal é transtornado, louco, doente.
      Então eu me escondo atrás do monstro, mas fiquem sabendo, que apesar de ser um pesadelo é nesse pesadelo que faço tudo que quero! Eu me livro de tudo que me amola.
    Agora conto a morte de minha mãe, dela eu arranquei o coração, o que faltava no meu pai, ela tinha de mais, no que um era metódico de mais, a outra era sentimental de mais, isso me irritava, faltava o equilíbrio, sem falar que muito amor, assim como muito método, ou muito ódio, impedem a vida de acontecer! Então achei que me livrando dos dois eu viveria plenamente! Que patético... Os problemas continuaram os mesmos, mas com uma diferença, agora com os fantasmas atormentando minha mente, com a culpa e a saudade, remorso puro, se eu pudesse voltar no tempo seria diferente, mas a gente diz essa balela a muito tempo, talvez nada mudaria, nada mudaria, faríamos as mesmas coisas, mas é bom pensar que tudo poderia ser diferente se tivesse a chance de voltar no tempo ilusões são boas, nós respalda de muita coisa, isso explica o motivo das religiões estarem perdendo a força e teorias políticas pútridas estarem crescendo, pois religião é tragédia, é sacrífico, isso é fato e quem quer se sacrificar, o melhor é matar Deus, e seguir a vida na eterna felicidade tão vazia e patética, que parecem mascarás, são apenas mascarás.
        Ah, um suspiro...
       A vida é dura, ainda mais para aqueles que admitem nascerem amaldiçoados, todos somos, todos somos fadados ao sofrimento, ao drama humano, as artes provam isso, quando ela se prova efetiva no campo da crise, do obscuro, pois é nesse campo que se encontra a humanidade, na tragédia! Na morte, no medo! Na dúvida, na luta pela sobrevivência é que se encontra as soluções e o conforto, sem luta, sem dor, com igualdade ou qualquer balela do tipo, não passa de uma falsa liberdade e de um falso amor, tudo banal, pois sem conhecer a dor é impossível conhecer a felicidade!
       O amor é dolorido, ciumento, arrogante e possessivo, quem ama, tenta salvar e quem tenta salvar impõe o que é certo e errado e se torna controlador de uma vida, geralmente nas relações a mulher faz isso! Eu perdi minha namorada por causa disso, pois tenho a alma de um lobo, sou livre e detesto que me controlem! Logo na lua cheia arranquei lhe a língua!
       Guardo até hoje tais utensílios, na casa da rua x, numero 00, passe lá, fica bem próximo desse cemitério, ah, deixei essa carta em cima do túmulo dessa pessoa, pois a matei sem nenhum motivo e queria que alguém se vingasse dele e me eliminasse, grato Walter. "
         - Então meu avó foi assassinado sem nenhum motivo! Apenas para um ser Humano que se acha lobisomem ser eliminado! Não o matarei, o pior castigo para esse ser é deixa-lo vivo!
          - Imaginava que iam dizer isso! - Apareceu um homem com vestes vitorianas, parecia o Jack estripador, ao lado do neto do senhor assassinato.
           - Quem é o senhor?!
           - Não faça perguntas óbvias, e tome, pegue essa arma e me dê um tiro no meio da testa, quero que me mate, pois eu mereço!
          - Não vou te matar!
           - Covarde! - Dá um tapa na cara do neto do assassinado - Eu preciso ser morto, não tenho nada! Pegue essa arma e mate-me!
          - Por que não se mata então?! - Gritou-o chorando - Se mate!
           - Eu não consigo! Eu preciso que façam isso por mim! Me mate!
          - Não! Isso seria se rebaixar, não sou vingativo!
          O céu começou a escurecer, a lua  apareceu!
          - Me mate! Agora! - em um tom gutural - Vagabundo Covarde! - Empurrou em cima da cova e a transformação se deu ele então uivo para a lua e atacou o pobre inocente, arrancando-lhe o coração e os olhos!
            No dia seguinte, deitado nu sobre a cova, pois toda sua roupa foi rasgada pela transformação, pegou a carta, correu para o seu carro, que estava estacionado perto dali, como percebeu que o virão nu, não pensou duas vezes e correu para sua casa, entrando as pressas, trancou a porta, pegou a carta e começou a escrever, na mesma:
           - As vezes o mal pode se oferecer para ser destruído, mas os tolos não o destruíram pelo senso de justiça e amor, tolos, essa noite eu matei mais um, não o conhecia, mas o matei, pois queria que ele me matasse, pois sei que sou um perigo a humanidade, porém ele quis me castigar com nobreza e tentou me convencer com discursos de que eu não merecia nem a morte, tolo, arranquei dele os olhos e o coração, pois toda justiça é cega e coração de mais me enoja como já disse.
          No cemitério...
           O coveiro andando entre as covas, avistou uma cova cheia de sangue, carniça e roupas rasgadas, ele logo chamou a polícia, que foi ao local com a mídia, que logo alardeou o ocorrido.
          Jornalista:
         - O que ocorreu no cemitério Rosário, quem foi assassinado e qual foram os motivos?
          Walter assistindo o noticiário vendo essa manchete, riu e disse, como se falasse á alguém:
          - Motivo! Motivo para matar, hahahahahaha, não tinha minha querida, não tinha o rapaz e seu avó eram pessoas boas incapazes de fazer mal até ao demônio, falando em demônio, esse demônio aqui é covarde de mais para se matar ou ser preso, vamos mudar de casa novamente e vê se em outra cidade eu encontro uma pessoa que me mate.
         Walter se levanta, pega seus" troféus" do passado e parte em busca de um ser humano que o mate, ele registra na carta:
          "Doce ilusão, hoje não matam por querer vingar-se  daqueles que dizem amar, hoje não matam por Deus, pois mataram Deus, hoje não matam por si mesmos, para defenderem sua honra, hoje não punem o mal como o passado eu nunca serei derrotado e ainda terei a chance de plantar minha semente no mundo, que patético..."
          Dessa maneira Walter sai da cidade e vai em busca da morte...

  Fim - Conto De Vinicius Diniz Rosa  - A carta do Lobisomem© 

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