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domingo, 11 de agosto de 2013

O colar de ouro


O colar de ouro
Vinicius Diniz Rosa

O mestre nervoso, querendo ensinar
Viu seu aprendiz, muito ambicioso
E com forte desejo, em seu colar de ouro puríssimo
O mestre então, pensou
"Já sei o que fazer"
Ele pegou uma tigela, colocou fogo nela
E nela jogou o colar de ouro
Seu aprendiz disse, vendo aquilo
"Está louco, isso é muito valioso?"
O mestre respondeu
"Eu sei, e se quer, lute
Coloque ai, suas mãos tão frágeis"
O aprendiz olhou seu mestre com ódio
O mestre apenas riu e disse
"Se não fazer isso logo, 
Seu objeto desejado 
Vai perder cada vez mais o valor
Então coloque sua mão no fogo
Prove que é capaz
De lutar pelo o que quer
Mesmo que pareça loucura
Coloque sua mão no fogo
Agora!"
O aprendiz, se virou, e com pesar
Enfiou-á, naquela chama, suas mãos
E tirou rapidamente com um berro
E disse
"Mestre isso dói, isso machuca" 
O mestre riu e respondeu
"Meu aprendiz, a vida doe, doe e não perdoa"
O que quer dizer com isso? - Perguntou o aprendiz
O mestre olhou para ele
E disse
"O que é fácil vai fácil, é esquecido, não tem valor
Então se isso é o que quer realmente
Prove que isso tem valor para si
Enfiei essa mão no fogo
E pegue esse colar"
O aprendiz então, com lágrimas nos olhos
Enfiou a mão no fogo novamente
E com muita dor, tentando pegar o colar
Olhou para o céu
E pediu  forças, mas perdendo sua fé
Logo retirou a mão
O mestre riu e disse
"Você não quer isso"
O aprendiz disse
"É claro que eu quero"
Então enfiei essa mão no fogo e pegue - Gritou o mestre
Mas doe! - Gritou o aprendiz
O mestre deu um tapa na cara dele e disse
"Você não entende, viver doe! Não quer sentir dor, se mate!
E tudo que quer muito, e lhe tem algum valor, será complicado
Agora, se quer mesmo esse maldito colar, enfia essa mão no fogo
E pega ele, mesmo que para isso perca toda a pele
Que cobre essa sua mão"
Mestre - Indagou o aprendiz
O mestre deu outro tapa na cara dele e disse
"Você quer, erga essa cabeça e esqueça a dor, pegue, lute"
O aprendiz novamente enfiou a mão no fogo
Olhou para os céus, lágrimas escorriam de seus olhos
E quando tocou no ouro, mais dor sentiu
E retirou a mão rapidamente, gritando
O mestre só olhou
O aprendiz enfiou a mão novamente
E pegou o colar de ouro
Ele já estava feio, um pouco derretido
Mas isso não fez diferença
Um sorriso apareceu na cara do aprendiz
O mestre então deu lhe um tapa 
E tomou o colar
O aprendiz disse
"Mas o que significa isso, eu conquistei é meu!"
O mestre disse
"A vida também é cheia de reviravoltas
E mesmo depois de ter ganho,
Você pode perder 
Pois o mundo da voltas
Se ainda quer, continue lutando"
O aprendiz avançou no mestre
O mestre desviou e deu lhe um golpe nas costas
O aprendiz gritou
"Eu não preciso disso"
Então fez tudo aquilo, colocou sua mão no fogo, para nada - disse o mestre
O aprendiz se jogou de joelhos
O mestre disse
"A vida não tem dó daqueles que imploram
Erga-se, tome vergonha na cara
E recupere o que para si tem grande valor"
Não! - Gritou o aprendiz - Não! Eu desisto!
O mestre olhou para ele
Cuspiu na cara dele
E disse
"Então morra de fome, então morra, mas suma daqui
Você não tem dignidade
Você não tem objetivos
Olha o que eu faço com esse colar"
O mestre foi até a ponta do templo em que estavam
Era um imenso e alto abismo
O mestre lanço o colar de ouro no abismo
O aprendiz gritou
"Maldito!"
O mestre riu e disse:
"Você é o vilão de si mesmo, 
Cavou o próprio fim
Se destruiu e desistiu
Você não aguenta o tranco
E está agindo como qualquer fracassado age
Jogar sua responsabilidade
Sua vontade
Seus sonhos e desejos
Nas costas dos outros
Como se os outros fossem obrigados a carregar-te
Fique ao relento e morra!"
O mestre chutou a cara do aprendiz
E entrou no templo trancando as portas
O aprendiz ficou de joelhos chorando e gritando
"Maldito, maldito, diabo, ser do mal
Eu sou um humano eu mereço a igualdade
Me dê um pouco de sua comida"
Nenhuma resposta vinha
Só o silêncio
E o aprendiz gritava
"Egoísta, egoísta!"
O mestre ria apenas e dizia ao espelho
"Aprenderá da pior maneira
Que a vida não perdoa 
Aqueles que param e desistem 
No meio do caminho
E que ninguém é obrigado a realizar seus sonhos
E o único capaz disso é ele mesmo"

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