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terça-feira, 20 de agosto de 2013

Meu dia na funerária

Meu dia na funerária
Vinicius Diniz Rosa


Um, dois, três, caiu mais um
Mal abri a funerária
E já me batem a porta
Pessoas que nem conheço
Com lágrimas nos olhos
E o remorso no topo
Eu todo solícito
Ofereço o catálogo
E uma xícara de café
Por dentro estou rindo
Mas clientes não se mal trata
Logo aponto o caixão mais caro
Pois com os impostos
Não posso correr o risco
De lucrar pouco e perder tudo
Para esse governo tão "decente"

Um, dois, três, caiu mais um
Todos os dias, a cada segundo
Alguém na porta
Sofrendo o que nunca sofreu
Chorando no colo de seus amantes
E depois comemorando
Na calada da noite
A alegria de se livrar do empecilho
E de maneira tão natural

Um, dois, três, caiu mais um
Mal abri a funerária e já tenho um bom dia
Um, dois, três, caiu mais um


Um, dois, três, caiu mais um
Caiu mais um metido a herói
Caiu mais um metido a vilão
Caiu mais um caridoso
Caiu mais um sovina
Caiu mais um, mais um
Da esquerda, da direita
Do centro, de baixo, de cima
De Deus, do diabo!

Um, dois, três, caiu mais um
E lá vem a família e os amigos
Chorando e chorando
E lá vem a parentada que nem tinha contato
É tão divertido, ver isso
Como pode o remorso ser tão poderoso
Mas vamos lá, estou aqui para atender a sua culpa
Escolha esse belo caixão
Afinal o moribundo aqui, merece o melhor
HAHAHAHAHAHAHA
Finalmente na paz, finalmente na igualdade
Porém tão preso, tão preso, dentro dessa caixa
Tão bela, tão bela, mas vamos ver o lado bom
Se libertou das dividas
Se libertou dos inimigos
Se libertou de todos os problemas
E ainda vai consertar a coluna! HAHAHAHAHA

Um, dois, três, caiu mais um
Mal abri a funerária e já tenho um bom dia
Um, dois, três, caiu mais um

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